30 de mai. de 2009

eu mexi as pernas
ri contigo
puxei assunto
enchi a cara
...

fiz de tudo
pra tu ver que tava afim

26 de mai. de 2009

quando a canção acaba ela vira música #03

vamos beber amanhã
sair por ai abraçados
cambaleando nas calçadas
rindo no meio fio
derrubando conhaques nas calças
esquecer o tédio por pelo menos uma garrafa

vamos lembrar que o inverno ta chegando
e que a gente já ta sozinho a muito tempo
procurar pessoas pra conversar, pra transar
pra trocar desejos

vamos esquecer das nossas manhãs numa sala
das tardes sozinhos na cama
das noites caidos no chão
chorando, bem de cantinho
pra gente nao se dar conta

vamos encher a cabeça de alcool
o coração de ar
o pulmão de fumaça
a boca de saliva
esquentar os pés
roçar nossas maõs

vamos
pelo menos por um dia,
pra se livrar da solidão.

18 de mai. de 2009

quando a canção acaba ela vira música #35

ando de férias essa semana. abandonei a faculdade. muito frio, muito sono e pouco saco pra aguentar aquelas aulas de merda. na verdade não faço nada nesse tempo. fazem dois dias que não saio de casa. e hoje, o dia mais frio da semana, resolvi sair e comprar uma garrafa de vinho. procurei uns discos de blues. joguei fora as sedas. abri a janela pra entrar o sol - chovia durante esses dias.
é, fui caminhar um pouco. a noite tá fria pra caralho. primeira vez do ano que sai aquela fumaça da boca enquanto tu anda na rua e respira aquele ar gelado do inverno. fui no mercado mais longe, tava afim de dar uma volta. comprei um vinho bom dessa vez. recebi um dinheiro. um chileno, segundo meu amigo de santiago, são os melhores. os discos de blues peguei três. taj mahal, robert johnson e buddy guy. deixei separado um caetano também, o transa.
cheguei em casa com o vinho, uma carteira de cigarro nova e muito frio. te liguei:

- olha, se não acontecer nada essa noite aparece ai, vamos tomar um vinho e escutar uns discos.

foi estranha a tua reação. eu gostei. imagino o que passou pela tua cabeça. "o que, o guri pirou? nunca me convidou pra nada e agora que a gente pouco se vê ele me liga, haha". é, garanto que pensou isso.

- é, se não rolar nada eu me rendo a um vinho e uns discos. respondeu

- tudo bem, mas se tu demorar não garanto que reste vinho. falei.

tu não apareceu. algo melhor deve ter surgido.
eu? eu bebi todo o vinho, escutei os discos e fui dormir bêbado.

15 de mai. de 2009

aquela velha história

hoje falei com uma amiga que não via a um longo tempo. hoje tá chovendo aqui. e hoje me deu uma puta vontade de sair e de ter todas aquelas noites de volta. mas é ruim sair quando tá chovendo. e quando tu conversa com uma velha amiga

14 de mai. de 2009

das noites sem dormir

meu sangue tá fervendo!
nunca fumei na casa dos meus pais. Fazia o possível também pra fumar quase nada enquanto eles estavam por perto. Mas agora moro sozinho à três anos, vejo eles poucas vezes e sempre consigo uma caranga ou uma companhia pra fugir. Mas hoje não, tava em casa só com a minhã mãe, na minha casa. Tudo muito estranho, não sabia bem o que fazer e que costumes esconder.
Não adiantou, ela foi dormir e eu enrolei o baseado. Fui pra sacada, fechei a porta e fumei sozinho, ouvindo o sussuro que saía das caixas de som ligadas lá no meu quarto, vendo estrelas e sentindo o calor do ar naquela noite de verão.
Voltei e a adrenalina a mil. Poucas vezes foi tão escancarado o estado de loucura que me encontro quando sei que eles estão tão perto - aqui no quarto ao lado, a nem 15 passos de distância, uma parede pra tapar o som.
Delírios misturados a fanstasmas, a premonições e a longas risadas abafadas no travesseiro.
Tudo bem eu pensava, se acontecer algo não pode ser tão ruim, não pra mim, não agora. E continuei. Aumentava aos poucos o volume das canções, caminhava mais pelo quarto, chegava na janela, parava cada vez menos. Na cozinha pra pegar uma cerveja, no banheiro pra rir da minha cara no espelho, na sala pra buscar um novo disco, ligar a tevê e passar todos os canais sem nem os ver, dedilhados suaves no violão. Tudo está bem, tudo está bem. Equanto uns dormem, outros não...

7 de mai. de 2009

quando a canção acaba ela vira música #31

procura-se uma garota
de pernas e pés bonitos
e que também
me de um pouco de carinho

5 de mai. de 2009

eu não me lembrava como era essa vida, mas ela volta, ela sempre volta

fazem cinco dias que ando por ai apenas com sete reais. é que desde que fui demitido não arrumei ninguém que pagasse pelas minhas idéias de trabalho. é bem verdade que não fiz muita questão de procurar, mas uma resposta negativa já meu deu a real. Meus pais viajaram, e como não tenho mais dinheiro tenho que voltar a viver das custas deles, e como já disse, eles viajaram, não me deixaram nada. Não sei quando eles voltam. Também não quero interromper. Pareçe que eles estão comemorando os vinte e cinco anos de casados e eu só existi depois de algum tempo disso, então é melhor deixar eles imaginarem como se fosse ha vinte cinco anos atrás, só os dois. Enquanto isso vou vivendo com esses sete reais, comendo pasteis baratos da Lancheria, me servindo de amigos para me pagarem uma bebida e levando.
A minha casa tá um lixo. garrafas de cerveja e cerveja pelo chão. cigarros, cinzeiros espalhados por todos os lados. meu vaso entupiu e a resistência do meu chuveiro estragou. Um balde de roupa suja e uma pilha de pratos pra lavar. geladeira vazia. Minha vida anda num pequeno caos desde que perdi o emprego. Não leio mais jornal - isso talvez para um jornalista não pegue tão bem. No site que estamos fazendo aproveito as entrevista para filar alguns cigarros e as vezes cerveja. um hollywood mentolado foi o último que consegui, valeu reny. é verdade também que as vezes me sinto sozinho vendo um filme, ou na cama acordado de madrugada. mas as coisas não andam ruins. muito pelo contrário, até to pensando em mudar de nome.

1 de mai. de 2009

me roubaram alguma coisa e ainda não sei o que é

e esses dias eu roubei um livro, Tristessa do Kerouac. Fiquei entre ele, um do Bukowski e um de quadrinhos do Laerte. O do velho buk era o mais caro, uns dezesseis reais. o do laerte acho que era uns nove. e o do kerouac uns oito. fiquei na fissura de pegar o bukowski. primeiro roubo, de cara um bukowski fudido, seria de mais. mas acabei pegando o kerouac, o mais barato, o que fala da Tristessa.
depois, outro dia, quando comprava uma carteira de cigarro roubei um babalu, o rosa, de tuti-fruti. fazia acho que uns cinco anos que não comia um babalu. masquei o chiclé, bom pra caralho continua o babalu.
e hoje, depois da tarde bebendo vinho e recebendo gente na minha casa, perdi cinquenta reais. ele ficava dentro de uma gaveta no meu quarto. lembro de ter comprado comida uma noite antes e só, até então ainda tinha cinquenta reias. e quando fui sair, hoje de noite, a grana sumiu. tinha um amigo aqui em casa. reviramos meu quarto, tudo abaixo atirado no chão. e nada. só me restava aquela nota de dez e uns trocados de dois.
sai. aniversário de uma amiga num bar meio mpb, pagação de pau pro chico buarque. sem grana suficiente, bebi o que dava do meu e o que não dava dos outros. conversas com pessoas novas. amigos de viagens passadas. e o cara que conhecia e que nos encontramos agora no psicólogo.
mas na verdade tudo que eu queria era que tu deitasse aqui, em cima de mim, daquele tipo meio atirada, meio abraçada. só, e talvez um pouco mais.