23 de abr. de 2009

uma garrafa de vinho depois
cá estou eu
deitado no chão
ao teu lado

22 de abr. de 2009

doquererser

ando numa crise artística
sem nem mesmo artista ser.
Querendo ser poeta,
escritor
..ou qualquer coisa que o valha,
sem escrever.
curso uma faculdade sem rumo,
..ao meu ver.
recebe elogio de um ou dois textos
, brinco de já ser.
me coloco de mais no futuro
, e esqueço de viver

21 de abr. de 2009

mais uma dose

quase morri de frio ontem a noite. é verdade que poderia ter morrido de overdose ou por um coma alcólico também. mas o frio tava de matar. é que fui pra carlos barbosa no feriado. carlos barbosa é uma cidade na serra do rio grande do sul com pouco mais de vinte mil habitantes e alguns verdadeiros amigos e que faz frio pra caralho no inverno - e outono também pelo jeito. fui pra lá conversar com meus pais, discutir algumas pendências no relaciomento e, puto da cara após isso, voltar na manhã seguinte pra porto alegre. só que acabei ficando os quatro dias do feriado lá.

como de costume, chego direto na casa de um amigo. enrolamos um baseado e saimos pela cidade caminhando, conversando e encontrando sempre as mesmas pessoas. aliás, aquela cidade é sempre a mesma coisa. mas esse feriado serviu pra eu perceber que minha memória só dura três anos. não me lembro como era em 2005, quando ainda morava lá por exemplo. e não é esqueçer os anos ou os acontecimentos, me esqueço, esqueço de como eu era, o que fazia e como falava. não lembro de nada e fico imaginando como os outros me viam. porque pra mim mudei, apesar de chegar lá e sempre fazer as mesmas coisas.

desisti disso na segunda noite, foda-se como eu era e o que mudei de lá pra cá. agora to aqui, desse jeito e é assim que nós vamos sair essa noite. mas não vou ficar aqui contando do feriado. das tardes rodando pela cidade de caranga ouvindo um som, tomando um chimas e fumando um baseado. das noites regadas a vinho, das conversas sem sentidos, dos risos altos, de não largar tudo, nem carreira nem dinheiro e muito menos o canudo. das idas as cidades vizinhas, das velhas pessoas novas todas as noites, do frio que mata. não vou contar tudo. só o domingo.

o domingo que acaba as 4 e meia da tarde, no ensaio da minnha ex-banda, o onibus partindo as 10 pras cinco e eu cantando por que a gente é assim...

14 de abr. de 2009

o dia em que perdi o emprego #1

fui demitido hoje. culpa da crise, a econômica. conversamos por horas, recebi o dinheiro que tinha que ganhar e fui embora, era umas 4 e meia da tarde. no caminho entrei num estúdio de tatuagem. fazia uns três anos que decidira fazer uma tatuagem, o desenho já tinha sido escolhido, só faltava o lugar - do meu corpo, não o estúdio. nos últimos meses andava com o desenho sempre na mochila, mas nunca tinha me animado a fazer. entrei, perguntei quanto custava, vi que o dinheiro que ganhara cobria a tatuagem e ainda sobrava alguma coisa, afinal, era só o dia 15 do mês.

- No braço, eu disse, e o cara foi lá desenhar pra ver se eu aprovava. não passou trinta minutos e ele já enrolava aquele papel transparente em mim e dava algumas recomendações quanto ao sol e outras coisas. ficou legal. doeu um pouco, mas ficou legal.

sai do estúdio e entrei no primeiro bar que vi na esquina. comprei umas latas de cerveja e na hora de pagar, mesmo destro, usei o braço esquerdo - queria mostrar a tatuagem. a atendente deu uma olhada mas em nada reagiu. tudo bem, aquilo era pra mim mesmo. peguei as cervejas e fui pra casa, meu braço ainda latejava um pouco, meu bolso reclamava demais em minha cabeça e a cerveja gelava no congelador. tudo vai bem, pensei. ainda tenho uns trocados e uma tatuagem.

9 de abr. de 2009

sobre a 116

ontem eu pensava em 2011. na viagem que eu e o bruno iremos fazer. idéia dele, uma grande idéia. atravessar a br-116, de jaguarão a fortaleza, sem tempo, sem previsões. tava pensando na loucura que vai ser. nas pessoas que vamos conhecer, nos lugares, nas experiências, em tudo. um misto de ansiedade e medo me bateu ontem ao pensar em tudo isso. deixar pra trás porto alegre, amigos, família e tudo o mais. não é pra sempre, mas vai ser por um longo tempo.
isso me assusta, mas também me anima.

e ontem, quando pensava em tudo isso, lembrei da chave de casa, a chave do apartamento 12 do prédio 544. esse lugar que a pouco tempo existe mas já tem várias histórias e que um dia pretendo contar. tava pensando no que fazer com a chave do ap, afinal ela é única. não existe cópia, ninguém mais a tem. pensei em levá-la junto na viagem, atirada num bolso fundo da mochila. ou então deixar ela aqui em porto alegre mesmo, nas mãos de alguém, de algum amigo. ou ainda deixar com os meus pais lá em carlos barbosa, porque meus pais são a minha familia e pra familia, cedo ou tarde, agente sempre volta.

pensei em tudo isso porque se eu levá-la junto provavelmente a perco, junto com a mochilha em alguma ocasião. fora que a probabilidade de roubarem todo o pouco que tivermos é grande, e assim, lá se vai a minha chave junto. e eu não quero voltar aqui, não sei quanto tempo depois, e ter que pedir para um chaveiro arrebentar a minha porta, não é essa a recepção que espero ao entrar em casa. só quero abrir a porta, pegar uma cerveja que deixarei estratégicamente guardada e me atirar no sofá da sala e rir de tudo que iremos passar.

e fiquei horas pensando no que fazer com ela: deixar com o couto, com a carol, com o leandro, com o guilherme, com a alice, com o feli, com o jones, com minhas primas, tias, esconder ela em algum lugar - idéia estupida, lógico. sei que não cheguei a conclusão nenhuma. mas sei que vou fazer uma cópia e mandar lá pra carlos barbosa, porque, do jeito que seja, meus pais vão estar ai quando voltar.
mas a minha chave, essa, eu levo comigo, lá no fundo da mochila.

2 de abr. de 2009

a duas doses abaixo
estou
agora
vem cá
e senta do meu lado