23 de set. de 2009
um bar escroto com um punk do velvet nas caixas de som
fazia o som da bateria naquela noite. rápido, frenético.
e as pessoas continuavam andando. eu, atrás
tumtum pápá tumtum pápá tumtum pápá
do banheiro saia direto pro bar
uma linha, uma dose de whisky
uma garota sentada fumando um cigarro
tumtum pápá tumtum pápá tumtum pápá
- e ai, tranquilo?
a fumaça jogada na cara
- oi
- olha só, já te vi por aqui, não? nesse bar, nesse mesmo banco, com esse mesmo cigarro?
- eu costumo fumar esse cigarro
- queres um pouco?
a bebida displicentemente levada pra frente. Um pouco cai direto pro vestido dela
- valeu
tumtum pápá tumtum pápá tumtum pápá
- olha só, vou ali no banheiro
a fumaça, novamente, na cara
- é..pode ser, vou junto
tumtum pápá tumtum pápá tumtum pápá
no banheiro o vício é estendido em cima da carteira
a garota sentada na privada, de vestido e pernas abertas
segurando meu copo de whisky
tumtum pápá tumtum pápá tumtum pápá
uma em cada narina
duas pra cada um
ela levanta e bebe todo meu drink
- me paga outro?
tumtum pápá tumtum pápá tumtum pápá
- um whsiky
....
- valeu
o show continua.
tumtum pápá tumtum pápá
saimos pra dançar
tumtum pápá tumtum pápá tumtum pápá
luzes de diversas cores, as pessoas se esbarrando
pulando e dançando
na pista eu ja tava enlouquecendo, a garota derrubando minha dose de whisky
jogando o cigarro fora e me dando um beijo
tum.. tum pá.. pá...tum.. tum pá.. pá
agora a bateria já soa mais devagar.
18 de set. de 2009
rock n' roll, obrigado
O cabelo já não balança freneticamente como antes, quando acompanhava o ritmo do corpo que ainda não se mantinha comportado junto ao banco do piano. Isso deve ser algo do preço que se paga por assumir um dos galhos principais da árvore genealógica do rock n’ roll.
O tempo passa e os efeitos são visíveis em um homem de 73 anos. Visto da rua poderia ser um velhinho qualquer, desses que passam as tardes no parque admirando as garotas, com olhares perdidos num ponto fixo distante e que, provavelmente, riem por dentro ao lembrarem do passado. Mas é só vencer a distância entre o backstage e o centro do palco, onde um piano preto de cauda o aguarda. Sentar sem dirigir uma palavra para a platéia que o ovaciona. Estralar os dedos e deslizar as mãos nas teclas brancas e pretas com uma intimidade cinqüentenária. É ai que se percebe, aquelas mãos nunca vão envelhecer. É Jerry Lee Lewis, baby, o pai mais endiabrado desse eterno jovem inconseqüente chamado rock n’ roll.
O garoto de Lousiana que aprendeu a tocar sozinho aos 8 anos de idade trocou a música gospel por um ritmo considerado do diabo lá nos idos dos anos 40. Aproveitava o vacilo de familiares e corria para um dos bairros negros próximo de onde morava. Num desses casebres descobriu que o piano poderia ser muito mais que um simples acompanhante calmo e angelical. Vendo a festa que faziam ao som de um blues rasgado, cantado com aquela voz cheia de pigarro que só os bons bluseiros poderiam ter, Jerry Lee Lewis despertou pra música, e de quebra ganhou seu primeiro sucesso, Whole Lotta Shakin’ Goin’ On. A mesma canção que encerrou o show do Killer sessenta anos depois, no dia 16 de setembro
Apoiado pela banda de Kenny Lovelace, o mesmo guitarrista que acompanha Jerry Lee desde 1965, o músico subiu ao palco para um show direto e rápido, seguindo à risca os princípios de um bom matador. Trocava poucos olhares com as duas mil pessoas que assistiam embasbacadas a performance. Mas mesmo assim Lewis se sentia a vontade, nem um pouco intimidado com quantidade absurdas de câmeras que filmavam e fotografavam, ou com o público que chutou as cadeiras para trás e dançava ou apenas olhava e gritava em transe as canções pouco conhecidas. Tão a vontade que esquecia o microfone ligado em sua frente e conversava com a banda entre uma música e outra. Pedia para os músicos o lembrarem a canção, ria dizendo numa voz rouca que esqueceu a letra. Mudava a ordem na hora e como recompensa para o público que não parou sequer um minuto, emendou duas músicas não planejadas no set list original. Do velho amigo Chuck Berry, o mesmo que recusou se apresentar antes de Lewis num show no final dos anos 50 e fez com que o Matador ateasse fogo no piano e continuasse a tocar até o instrumento suportar, Jerry Lee sacou Roll Over Beethoven e Sweet Little Sixteen.
Entre um clássico eletrizante colocando o público a caráter, com direito a vestido de bolinha, jaqueta de couro e topetes minuciosamente preparados, para dançar e canções da época country e pouco conhecidas, Jerry Lee Lewis fez um dos melhores shows do ano
Mesmo sem realizar movimentos que deram jus a fama de rebelde, como chutar o banco para trás e continuar a música em pé, sentar sob as teclas ao final das canções, tocar com os pés, subir num pulo só na calda do piano e cantar rebolando para o público num frenesi alucinante logo a baixo, as mãos do músico estavam lá. As mesmas mãos que Sam Phillips, da gravadora Sun Records, a que lançou Elvis Presley, afirmou serem a união do negro com o branco, a origem do rock n’ roll. E essas mãos não decepcionaram, pareciam não sentir os 73 anos e três ataques cardíacos que o mesmo corpo sofrera. Elas escorriam pelo piano rápidas, agressivas, diabolicamente a vontade naquele lugar.
O tempo passa e Jerry Lee Lewis supera tudo o que reservaram para ele. Seis anos de rejeição após descobrirem o casamento com a prima de segundo grau, de apenas treze anos na época. Cirurgias de risco. O abuso de álcool e drogas. Diversos casamentos rompidos. Duas mulheres mortas. Dois filhos mortos. O Matador passa por tudo sempre acompanhado do piano. Não parou de tocar sequer uma vez nesses mais de cinqüenta anos de carreira. Foi da fama ao lixo e voltou por cima, mais uma vez. Ainda grava canções inéditas, mesmo admitindo ser extremamente difícil decorar as letras. Ainda vive ao estilo selvagem que o consagrou. Basta ver a escolha feita quando perguntado numa entrevista se preferia o céu ou o inferno. Não teve duvidas, escolheu o inferno. Jerry Lee Lewis é o próprio rock n’ roll, e Porto Alegre pode confirmar isso numa noite qualquer de quarta-feira.
Fotos: Lívia Stumpf
12 de set. de 2009
10 de set. de 2009
língua pop - segunda edição!!
essa edição é especial da geração beat. nela tem uma conversa muito bacana que tivemos com o Pablo Beat, um uruguaio mucho loco que viajou por toda américa do sul lá nos anos 70.
também tem uma matéria onde vários escritores comentaram sobre seu livros beat preferido. Uma galera muito boa participou: Ricardo Carlaccio, Claudio Willer, Mauricio Arruda Mendonça, Leo Felipe e Celso Borges.
o Maestro Gentilesa fez uma matéria que liga o disco alucinante Tijuana Moods, do Charles Mingus, e a última parte do On the Road, quando o kerouac conta das pirações no méxico chica.
e ainda tem um puta texto do Fábio Reoli sobre as putices das proibições que tão acabando com São Paulo. o Fábio cria imagens sensacionais e critica muito bem essa palhaçada que a dupla serra/kassab ta promovendo e que tá se espalhando pelo brasil - pra fuder de vez com a gente.
é isso, tem mais coisas, entrem lá e aproveitem que é tudo liberado.
linguapop.wordpress.com
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7 de set. de 2009
3 de set. de 2009
agora já ta tarde pra voltar atrás, ainda bem
eu tentei levar um vida normal
frequentar uma faculdade
ganhar um diploma e me mandar.
eu tentei
cheguei quase lá.
metade do curso e a bomba estourou
cinco dias numa semana
que me fizeram ir atrás do que quero
um compromisso de acordar
as dez da manhã pra escrever uma peça de teatro
de sair todas as noites e
tomar um porre
pra catar diálogos
depois dessa nada volta ao normal baby.
quando tu te da conta da merda
que anda fazendo
acordando cedo
refazendo leads
discutindo polítca sem garrafas
não garota, isso não é a minha vida não.
eu me mandei antes da hora
com o prazo vencido
chutei a faculdade pra longe
esmagei o despertador contra a parede
rasguei o meu curriculo de estágios
de assessoria pra servir café
garota eu me mandei dessa
garota,
eu não nasci pra acordar cedo